Sentada
diante dele, percebo em seu olhar esse apreço, e sinto um arrepio percorrer
minha pele, talvez porque sabe o que quero e o que pode ofertar a mim, naquele
momento. Ainda que pareça distante, olha para mim, como quem analisa cada
detalhe, por vezes vejo um brilho emergir das profundezas do olhar escuro,
ainda mais em meio à penumbra do quarto, que permite que veja apenas a silhueta
de seu rosto. E sorrindo, diz:
- Sabe o
que tenho vontade de fazer a algum tempo?
- O que
seria?
-
Vontade de rasgar sua roupa, e te amarrar.
- E
depois?
- O que
viria depois?
- Amarraria
você sobre a cama de bruços.
Sinto um
arrepio fazer meu corpo eriçar, e lembro que havia mencionado que iria deixar
as marcas de seus dedos em minha bunda. Que iria bater com força, até gozar
desesperadamente, desejando ser possuída.
- E o
que viria a seguir?
- O que
iria fazer?
- Iria
te fazer sentir minha força.
-
Provocar seu corpo até que a dor fosse substituída pelo prazer.
-
Prazer?
- Isso é
interessante, e o que ganharia?
Um
calafrio percorre minha pele, ao lembrar que havia sussurrado em meu ouvido, há
algumas noites, quando aceitei o convite dele, seria um jantar, mas terminamos
em um quarto de hotel, onde nua sobre a cama, fez um pedido inusitado, e
comecei a masturbar lentamente, deslizando os dedos em um toque malicioso, até
o limite do desejo, quando sugeriu que parasse. E obedeci, esperando que
continuasse, com seus dedos, mas ficou imóvel, apenas observando minha silhueta
sobre a cama, sequiosa por ser satisfeita, por sentir o vigor e ardor dele em
meu corpo, mas ficou quieto, sorriu e saiu em seguida. Talvez porque havia
descoberto um desejo obscuro meu, aquele guardado como segredo, para quem nunca
havia revelado.
- O que
ganharia?
- O que
deseja ganhar?
- Talvez
a doce liberdade do despudor.
- Ou
mesmo a liberdade de ser verdadeira consigo mesma.
Sinto um
arrepio ainda mais intenso, ao pensar que talvez, aquelas palavras pudessem
fazer sentido. Um sentido sombrio, ao querer sentir as mãos dele segurando
firme em meu corpo, fazendo minha pele transpirar até a exaustão e ápice do
prazer.
- E o que
faria para tanto?
Sorriu e
levantando diante de mim, acariciou meu rosto, apanhou a taça de vinho sobre a
mesa, e sentando novamente, disse:
- Iria
apertar e acariciar você.
- Fazer
você sentir meus dedos profundamente em seu corpo.
-
Descobrir cada reentrância, desvendar seus segredos, mistérios.
- Sentir
cada textura, provocar seus sentidos, aguçar seus sentidos ao limite.
- Essas
são suas intenções?
- Sim,
todas minhas intenções.
-
Provocar cada arrepio e suspiro.
- Marcar
você profundamente ao ponto de descobrir sua intimidade
- E por
fim, ser cúmplice e intimo de seu corpo.
Arrepio
novamente, agora um arrepio prolongado, como quem soubesse que não iria saber o
que esperar dele. E sorrindo diz:
- Pode
imaginar o que realmente intento?
Permaneço
em silencio, agora com a mente fervilhando, e meu corpo reagindo
instintivamente, sendo provocado por intenções desconhecidas, mas desejadas. E
indago:
- É o
que quer de mim?
-
Cumplicidade e intimidade?
Sinto um
calor aumentar em todo meu corpo, ao imaginar o que poderia fazer comigo, o que
faria ao descobrir e revelar meus segredos e desejos. E confesso:
-
Gostaria de sentir essa cumplicidade e intimidade.
Sorri,
sorvendo a taça de vinho, como quem soubesse realmente o que penso, ou mesmo
pudesse ver em meus olhos, que havia provocado em mim, certo encanto e fascínio.
Que mulher não iria querer compartilhar mais do que desejos e vontades, além de
intimidade e cumplicidade irrestrita, e olhando para mim, diz:
-
Confiaria a mim, seus desejos e vontades?
Foi como
houvesse ouvido meu pensamento, ou lido na entrelinhas do meu olhar aquela
indagação, e sorrindo, apenas fiz um aceno com a cabeça, positivo e
permissiosamente, e sorrindo disse:
- E o
que quer você?
Suspiro
profundamente, e com a voz embargada, começo a dizer o que quero. Quero que me
toque profundamente, descobrindo o calor de minhas entranhas, sentir ser possuída
por seus dedos, sentir a temperatura elevar com suas caricias e carinhos até
que não consiga conter meus gemidos e murmúrios. Quero sentir ser invadida por
seus dedos, ou mesmo ser sentida por sua boca, a deslizar entre minhas coxas
até sentir sua respiração quente, seguida da língua voraz e da boca ávida e
voluptuosa. Comprimo uma perna contra a outra, ao imaginar a boca dele próxima
de minha pele, e suspirando continuo a dizer, quero sentir a língua deslizar
lentamente, roçando cada ponto sensível, sem poder reagir, e sorrindo com minha
inquietação perceptível, diz:
- Quer
estar amarrada?
Faço um
movimento com a cabeça, comprimindo as pernas novamente, sinto meus seios
intumescidos roçando a pele da blusa. E lembro da noite anterior, quando diante
dele, acariciava os seios lentamente, umedecendo com saliva, imaginando a boca ávida
sugando e chupando vorazmente, suspiro profundamente, como algo viesse à tona
resgatado de meu âmago, e sorrindo diz:
- Está
inquieta, o que aflige você?
Não
consigo responder, mas começo a imaginar a exploração minuciosa em meu corpo,
dedos, lábios e língua, mãos e boca, voraz e ansiosamente deslizando sobre
minha pele, descobrindo o gosto e cheiro, sentindo e fazendo sentir em uma
mutual e recíproca intensidade. Sorri, sorvendo o vinho, e olha para mim, com
um brilho nos olhos, e diz:
- E pode
imaginar o que quero fazer com você, não é?
E começa
a dizer, com a voz serena, que iria bater na minha bunda, segurar em meus
cabelos com força, puxar enquanto acariciava todo meu corpo, fazendo sentir o
movimento dos dedos, iria querer sentir todo calor inflamar meu corpo até o ápice,
e sugaria a umidade ouvindo meus gemidos e murmúrios. Sinto um arrepio, quando
acaricia o volume, sob a calça, imaginando o músculo teso e febril a querer
saltar diante de meus olhos, e sorrindo diz:
- Iria
te colocar de joelhos em seguida.
E
comecei a imaginar o que iria querer, iria olhar para mim, ao sentir o músculo
febril a latejar em meus lábios, o gozo a escorrer em minha boca, brindando a
satisfação de me ter entregue aos caprichos dele. Suspiro, com a boca úmida,
sequiosa por provocar aquele homem com minhas caricias e carinhos lascivos,
sentir a mão em minha nuca, empurrando seus quadris contra meu rosto, quase
sufocar com a gala a escorrer viscosa e quente para saborear e satisfazer minha
sede. Com volúpia, arrancar o gemido mais agudo dos lábios dele, antes de ser possuída,
de ter o corpo dele sobre minha pele, fazendo meu corpo e alma gemer de prazer.
Sinto um
ardor e calor latejante entre as coxas, ao imaginar a satisfação ao descobrir
que minha aparente ingenuidade oculta uma fêmea sedenta e voluptuosa. Uma
mulher caprichosa e sequiosa por uma intimidade e cumplicidade única, voraz e
ardorosa, dessas que faz com que esqueçamos todo pudor, revelando as nuances de
nossa personalidade. Consigo imaginar a sede dele, ao freneticamente, sugar meu
corpo, lambendo e sorvendo cada emoção e sensação que escorre de minha pele
diante de seus toques, caricias e carinhos.
Suspiro
ao lembrar da noite anterior, quando desejei ser tocada e acariciada, e nas
noites subseqüentes, mal conseguia dormir, ao deitar em minha cama, e imaginar
a silhueta na penumbra, olhando atentamente para mim, como quisesse que
conhecesse meus próprios limites e meu corpo antes de pertencer e me entregar
aos caprichos dele. E sorrindo, suspiro, e confesso:
- Sempre
espero que me convide novamente.
Sorri,
servindo uma taça de vinho, que lentamente sorve, olhando dentro de meus olhos,
e diz:
-
Imagino que sim.
- E o
que espera?
Suspiro
novamente, agora tentando não aparentar ingenuidade ou fragilidade, e começo a
falar, que não espero romance, amor ou uma relação afetiva. Quero apenas a
satisfação e prazer, de descobrir o que sou, de poder revelar minha identidade
verdadeira, sem que seja julgada, que possa confiar não apenas meu corpo ao caprichos
de alguém, mas possa ser cúmplice e intima, de desejos e vontades verdadeiras,
dessas que não ousamos controlar quando são despertadas. Sorri, e levantando
diante de mim, caminha pelo ambiente, olhando para mim, serenamente diz:
- É isso
que espera, não é mesmo?
- Poder
confiar em alguém a ponto de não ter medo?
-
Confiar a ponto de não hesitar em ser verdadeira e intensa?
- Sim.
- É bem
isso que desejo e espero.
Caminha
de um lado para o outro, e olhando pela janela, sem olhar para mim, parece fitar
um lugar distante, como quisesse saltar da realidade para um cenário
imaginário, onde tudo fosse possível, e voltando em minha direção, sorri e diz:
- Se for
seu desejo mais verdadeiro, irá acontecer.
- Se for
sua vontade mais sincera, irá ser realizada.
Suspiro,
ouvindo a voz dele ecoar em meu ouvido, aquela sensação diante do olhar dele
não cessa, imagino sua destra apertando minha bunda, seguido de um açoite
sucessivo, de meus gemidos ecoando pelo ambiente resultando em um murmúrio
prolongado como um cântico profano a Vênus, agradecendo ao prazer sentido.
Sinto meu suspiro ecoar em meu ouvido, como pudesse ouvir minha própria alma
gemer alto, esperando ansiosamente pelo que estava por vir, por tudo que havia
desejado e esperado, por uma intimidade e cumplicidade que pudesse desvendar e
descobrir meus segredos e mistérios, que pudesse revelar meus desejos e
vontades, permitindo que ao alcançar a verdadeira liberdade, alma e coração,
corpo e mente fossem unidos e unificados por um intenso e imenso prazer.
♠ Joker
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