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28 de junho de 2015

♠ Joker: Cúmplice Intenção



Sentada diante dele, percebo em seu olhar esse apreço, e sinto um arrepio percorrer minha pele, talvez porque sabe o que quero e o que pode ofertar a mim, naquele momento. Ainda que pareça distante, olha para mim, como quem analisa cada detalhe, por vezes vejo um brilho emergir das profundezas do olhar escuro, ainda mais em meio à penumbra do quarto, que permite que veja apenas a silhueta de seu rosto. E sorrindo, diz:
- Sabe o que tenho vontade de fazer a algum tempo?
- O que seria?
- Vontade de rasgar sua roupa, e te amarrar.
- E depois?
- O que viria depois?
- Amarraria você sobre a cama de bruços.
Sinto um arrepio fazer meu corpo eriçar, e lembro que havia mencionado que iria deixar as marcas de seus dedos em minha bunda. Que iria bater com força, até gozar desesperadamente, desejando ser possuída.
- E o que viria a seguir?
- O que iria fazer?
- Iria te fazer sentir minha força.
- Provocar seu corpo até que a dor fosse substituída pelo prazer.
- Prazer?
- Isso é interessante, e o que ganharia?
Um calafrio percorre minha pele, ao lembrar que havia sussurrado em meu ouvido, há algumas noites, quando aceitei o convite dele, seria um jantar, mas terminamos em um quarto de hotel, onde nua sobre a cama, fez um pedido inusitado, e comecei a masturbar lentamente, deslizando os dedos em um toque malicioso, até o limite do desejo, quando sugeriu que parasse. E obedeci, esperando que continuasse, com seus dedos, mas ficou imóvel, apenas observando minha silhueta sobre a cama, sequiosa por ser satisfeita, por sentir o vigor e ardor dele em meu corpo, mas ficou quieto, sorriu e saiu em seguida. Talvez porque havia descoberto um desejo obscuro meu, aquele guardado como segredo, para quem nunca havia revelado.
- O que ganharia?
- O que deseja ganhar?
- Talvez a doce liberdade do despudor.
- Ou mesmo a liberdade de ser verdadeira consigo mesma.
Sinto um arrepio ainda mais intenso, ao pensar que talvez, aquelas palavras pudessem fazer sentido. Um sentido sombrio, ao querer sentir as mãos dele segurando firme em meu corpo, fazendo minha pele transpirar até a exaustão e ápice do prazer.
- E o que faria para tanto?
Sorriu e levantando diante de mim, acariciou meu rosto, apanhou a taça de vinho sobre a mesa, e sentando novamente, disse:
- Iria apertar e acariciar você.
- Fazer você sentir meus dedos profundamente em seu corpo.
- Descobrir cada reentrância, desvendar seus segredos, mistérios.
- Sentir cada textura, provocar seus sentidos, aguçar seus sentidos ao limite.
- Essas são suas intenções?
- Sim, todas minhas intenções.
- Provocar cada arrepio e suspiro.
- Marcar você profundamente ao ponto de descobrir sua intimidade
- E por fim, ser cúmplice e intimo de seu corpo.
Arrepio novamente, agora um arrepio prolongado, como quem soubesse que não iria saber o que esperar dele. E sorrindo diz:
- Pode imaginar o que realmente intento?



Permaneço em silencio, agora com a mente fervilhando, e meu corpo reagindo instintivamente, sendo provocado por intenções desconhecidas, mas desejadas. E indago:
- É o que quer de mim?
- Cumplicidade e intimidade?
Sinto um calor aumentar em todo meu corpo, ao imaginar o que poderia fazer comigo, o que faria ao descobrir e revelar meus segredos e desejos. E confesso:
- Gostaria de sentir essa cumplicidade e intimidade.
Sorri, sorvendo a taça de vinho, como quem soubesse realmente o que penso, ou mesmo pudesse ver em meus olhos, que havia provocado em mim, certo encanto e fascínio. Que mulher não iria querer compartilhar mais do que desejos e vontades, além de intimidade e cumplicidade irrestrita, e olhando para mim, diz:
- Confiaria a mim, seus desejos e vontades?
Foi como houvesse ouvido meu pensamento, ou lido na entrelinhas do meu olhar aquela indagação, e sorrindo, apenas fiz um aceno com a cabeça, positivo e permissiosamente, e sorrindo disse:
- E o que quer você?
Suspiro profundamente, e com a voz embargada, começo a dizer o que quero. Quero que me toque profundamente, descobrindo o calor de minhas entranhas, sentir ser possuída por seus dedos, sentir a temperatura elevar com suas caricias e carinhos até que não consiga conter meus gemidos e murmúrios. Quero sentir ser invadida por seus dedos, ou mesmo ser sentida por sua boca, a deslizar entre minhas coxas até sentir sua respiração quente, seguida da língua voraz e da boca ávida e voluptuosa. Comprimo uma perna contra a outra, ao imaginar a boca dele próxima de minha pele, e suspirando continuo a dizer, quero sentir a língua deslizar lentamente, roçando cada ponto sensível, sem poder reagir, e sorrindo com minha inquietação perceptível, diz:
- Quer estar amarrada?
Faço um movimento com a cabeça, comprimindo as pernas novamente, sinto meus seios intumescidos roçando a pele da blusa. E lembro da noite anterior, quando diante dele, acariciava os seios lentamente, umedecendo com saliva, imaginando a boca ávida sugando e chupando vorazmente, suspiro profundamente, como algo viesse à tona resgatado de meu âmago, e sorrindo diz:
- Está inquieta, o que aflige você?
Não consigo responder, mas começo a imaginar a exploração minuciosa em meu corpo, dedos, lábios e língua, mãos e boca, voraz e ansiosamente deslizando sobre minha pele, descobrindo o gosto e cheiro, sentindo e fazendo sentir em uma mutual e recíproca intensidade. Sorri, sorvendo o vinho, e olha para mim, com um brilho nos olhos, e diz:
- E pode imaginar o que quero fazer com você, não é?
E começa a dizer, com a voz serena, que iria bater na minha bunda, segurar em meus cabelos com força, puxar enquanto acariciava todo meu corpo, fazendo sentir o movimento dos dedos, iria querer sentir todo calor inflamar meu corpo até o ápice, e sugaria a umidade ouvindo meus gemidos e murmúrios. Sinto um arrepio, quando acaricia o volume, sob a calça, imaginando o músculo teso e febril a querer saltar diante de meus olhos, e sorrindo diz:
- Iria te colocar de joelhos em seguida.
E comecei a imaginar o que iria querer, iria olhar para mim, ao sentir o músculo febril a latejar em meus lábios, o gozo a escorrer em minha boca, brindando a satisfação de me ter entregue aos caprichos dele. Suspiro, com a boca úmida, sequiosa por provocar aquele homem com minhas caricias e carinhos lascivos, sentir a mão em minha nuca, empurrando seus quadris contra meu rosto, quase sufocar com a gala a escorrer viscosa e quente para saborear e satisfazer minha sede. Com volúpia, arrancar o gemido mais agudo dos lábios dele, antes de ser possuída, de ter o corpo dele sobre minha pele, fazendo meu corpo e alma gemer de prazer.
Sinto um ardor e calor latejante entre as coxas, ao imaginar a satisfação ao descobrir que minha aparente ingenuidade oculta uma fêmea sedenta e voluptuosa. Uma mulher caprichosa e sequiosa por uma intimidade e cumplicidade única, voraz e ardorosa, dessas que faz com que esqueçamos todo pudor, revelando as nuances de nossa personalidade. Consigo imaginar a sede dele, ao freneticamente, sugar meu corpo, lambendo e sorvendo cada emoção e sensação que escorre de minha pele diante de seus toques, caricias e carinhos.
Suspiro ao lembrar da noite anterior, quando desejei ser tocada e acariciada, e nas noites subseqüentes, mal conseguia dormir, ao deitar em minha cama, e imaginar a silhueta na penumbra, olhando atentamente para mim, como quisesse que conhecesse meus próprios limites e meu corpo antes de pertencer e me entregar aos caprichos dele. E sorrindo, suspiro, e confesso:
- Sempre espero que me convide novamente.
Sorri, servindo uma taça de vinho, que lentamente sorve, olhando dentro de meus olhos, e diz:
- Imagino que sim.
- E o que espera?
Suspiro novamente, agora tentando não aparentar ingenuidade ou fragilidade, e começo a falar, que não espero romance, amor ou uma relação afetiva. Quero apenas a satisfação e prazer, de descobrir o que sou, de poder revelar minha identidade verdadeira, sem que seja julgada, que possa confiar não apenas meu corpo ao caprichos de alguém, mas possa ser cúmplice e intima, de desejos e vontades verdadeiras, dessas que não ousamos controlar quando são despertadas. Sorri, e levantando diante de mim, caminha pelo ambiente, olhando para mim, serenamente diz:
- É isso que espera, não é mesmo?
- Poder confiar em alguém a ponto de não ter medo?
- Confiar a ponto de não hesitar em ser verdadeira e intensa?
- Sim.
- É bem isso que desejo e espero.
Caminha de um lado para o outro, e olhando pela janela, sem olhar para mim, parece fitar um lugar distante, como quisesse saltar da realidade para um cenário imaginário, onde tudo fosse possível, e voltando em minha direção, sorri e diz:
- Se for seu desejo mais verdadeiro, irá acontecer.
- Se for sua vontade mais sincera, irá ser realizada.
Suspiro, ouvindo a voz dele ecoar em meu ouvido, aquela sensação diante do olhar dele não cessa, imagino sua destra apertando minha bunda, seguido de um açoite sucessivo, de meus gemidos ecoando pelo ambiente resultando em um murmúrio prolongado como um cântico profano a Vênus, agradecendo ao prazer sentido. Sinto meu suspiro ecoar em meu ouvido, como pudesse ouvir minha própria alma gemer alto, esperando ansiosamente pelo que estava por vir, por tudo que havia desejado e esperado, por uma intimidade e cumplicidade que pudesse desvendar e descobrir meus segredos e mistérios, que pudesse revelar meus desejos e vontades, permitindo que ao alcançar a verdadeira liberdade, alma e coração, corpo e mente fossem unidos e unificados por um intenso e imenso prazer.



♠ Joker

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